É possível identificar tudo aquilo que uma vez desejou quando chega a ti? A mente cria, idealiza e muitas vezes desconcerta o olhar para aquilo que conecta. Mesmo que nomeie, liste e desenhe, o imaginário não supera a grandiosidade que vive por detrás do acaso.
Os encontros são a bússola e o termômetro do instante. Instante esse que reflete tudo o que encontra dentro de si. Entretanto, há uma tendência em ofuscar o sentimento como essência e substituir com a vontade de sentir aquilo que foi idealizado. Querer amar não é amar. Querer mudar não reflete mudança. Querer que algo dê certo não significa êxito, mas sonhar nunca diminui a possibilidade de voar.
O ponto em questão, o que mais me aflige, é a cronologia dos fatos. É descompassado, confuso e não atende à necessidade pulsante. Quanto mais precisa de amor, falta. Quando mais precisa de foco, distrações apareceram. Seja lá quem escreve e dirige o roteiro da vida, parece nunca acertar o tempo das coisas. O tempo das coisas. Qual é o real tempo das coisas? Como setorizar esse emaranhado de acontecimentos que não uni pontas?
Ao superar as coisas que nunca tive, optei pela indiferença. Havia outras coisas ao meu redor que demandavam mais atenção, portanto, a capacidade de enxergar o que desejei passou despercebido. Negligenciei, posterguei e não me debrucei na história. Mas ela floresceu sem mesmo ter sido plantada. Como uma flor que desponta no asfalto.
Me convenci de que não era o que eu tinha desejado. Afinal, precisa existir algum tipo de disritmia, sinal de fumaça ou, ao menos, assemelhar-se com qualquer cenário antes criado. Tamanho equívoco. Tudo o que inspirava fugia do que eu considerava para mim. Tudo o que transpirava me cativava. Desde os diálogos conduzidos com tamanha naturalidade até o surpreendente toque delicado na pele.
Me entreguei. Mas recusei a acreditar que era fácil assim. Talvez não existe o momento, pessoa ou ideia certa. Existe a experiência e a vontade de fazer sala para o que cruza o caminho.
A.M.
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