Era uma vez uma arara-azul destemida, que voava de norte a sul confiando apenas em seu instinto. Desde jovem, foi ensinada que um dia encontraria sua cara-metade — um destino que servia de incentivo para procurá-la em qualquer circunstância. Cansada de esperar, decidiu mudar de ares. Voou por diversos lugares até chegar à cidade.

Em segundos, foi tomada pelas luzes eletrizantes e o ritmo acelerado. Seria ali o lugar perfeito para encontrar sua amada? Diante de um mar de prédios e janelas cintilantes, a arara admirou a paisagem e sonhou com todas as possibilidades que a cidade parecia oferecer.

No dia seguinte, por volta das 7h30, foi acordada pelo som de uma serra elétrica cortando a árvore onde dormia. Assustada, voou desesperada e quase foi atropelada por um carro. “Sai da frente, pássaro de m*rda!”, ouviu. Com o coração acelerado e sem entender nada, refugiou-se no lugar mais alto que encontrou.

Foi no décimo andar de um prédio no centro que a arara tentou ligar os pontos. O que havia acontecido com toda a beleza e promessa que a noite anterior lhe mostrara? A resposta veio como um golpe: ao ser expulsa da janela aos gritos por uma mulher de cabelos embaraçados e maquiagem borrada, ela entendeu. Em São Paulo, só existe amor de ressaca.

Era Dia dos Namorados, data perfeita para viver o amor. Para aqueles que são mais tradicionais e querem impressionar, o Terraço Itália é sempre um clássico. Já aqueles que preferem algo mais descolado e exclusivo, o Fel é o lugar perfeito. Tudo bem que ambas as opções já impressionam só pelo fato de conseguir uma reserva em um dia tão disputado, mas isso não diminui as habilidades necessárias em uma cidade cosmopolita.

Para quem está solteiro, as opções podem parecer escassas em um dia como esse. Porém, no coração de São Paulo existe um bar que atrai todo o tipo de gente. Localizado no térreo de um dos prédios mais famosos da cidade, o Orfeu fica. Um lugar que apesar da sua iluminação intimista, e do espaço aconchegante, oferece uma ótima opção de drinks para quem vai viver a ressaca. Nesse caso, eu seria a primeira a levantar a taça.

Com um Manhattan impecável e uma carta de vinhos sem defeitos, o bar garante a bebedeira certa para quem quer esquecer os casais perfeitos das redes sociais. Há também uma variedade de mesas com pessoas abertas a continuar a noite em outro lugar, como, por exemplo, o Funilaria ou em algum apartamento com vista para o mar de prédios.

Esse texto adverte: Cuidado com o que vai vestir. Estatísticas não oficiais mostram que, para as mulheres que optam por vestir calça esportiva, as chances de terminarem a noite em um apartamento no Copan são grandes. Já para aquelas que vestem um blazer vintage, bom, para essas restam três garrafas de vinho vazias, confissões na madrugada com a melhor amiga e uma manhã cheia de copos d’água.

A.M.